Os conflitos históricos entre produtores rurais e indígenas em Mato Grosso do Sul voltaram a ser debatidos pelos deputados estaduais Zé Teixeira (DEM), Mara Caseiro (PSDB) e Onevan de Matos (PSDB), durante a sessão plenária desta terça-feira (23/8). Na tribuna, Zé Teixeira ressaltou que o terror impera nas regiões de conflito. Precisamos colocar um ponto final nessa questão que envolve os índios e os produtores rurais, disse. Ele lamentou a morte de indígenas e criticou a prisão recente de cinco produtores em Dourados, pelo ataque a índios no município de Caarapó, em junho deste ano. Na ocasião, o agente de saúde indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza morreu após ter sido atingido por disparos na barriga e no peito, e seis índios ficaram feridos.
É claro que lamentamos a morte e as agressões e lamentamos a situação dos indígenas, que vivem na penúria, mas, por outro lado, as prisões [dos produtores] foram sem qualquer critério ou provas, baseadas somente em denúncias, disse. O deputado afirmou que há uma inversão de valores e enfatizou que os produtores são pais de família, sem antecedentes criminais e empregam cerca de 400 pessoas. Agora, os índios entram na propriedade, matam o gado, queimam as casas e isso não é crime?, questionou. Os indígenas não têm culpa. A culpa é da lei, mas não devem ser permitidas agressões de quem quer que seja, complementou.
Para Onevan, é preciso agilizar uma solução definitiva. O Judiciário é muito lento e hoje a lei não garante nada, porque quem tem a terra invadida é preso e com quem invade não acontece nada, disse. Segundo ele, o clima de tensão entre produtores e indígenas continua a preocupar. O jeito como as coisas vêm sendo encaminhadas é prejudicial a todos; a Justiça tem falhado e não sabemos onde isso vai parar, alertou. Mara Caseiro repudiou a prisão dos produtores rurais e disse que não foi respeitado o princípio da presunção da inocência (ou princípio da não-culpabilidade, segundo parte da doutrina jurídica). O que ocorre é que uma prisão sem provas é uma grande injustiça.