06.06.2017

Teixeira apresenta Moção de Pesar pelo falecimento do fundador do Grupo Rubaiyat

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O deputado estadual Zé Teixeira (DEM), atual 1º secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul apresentou na sessão plenária desta terça-feira (06.06) pedido de Moção de Pesar aos familiares do Senhor Belarminho Fernandez Iglesias, fundador do Grupo Rubaiyat, pelo seu falecimento ocorrido no dia 30 de maio deste ano, em decorrência a problemas de saúde.  

“Merecedor de nosso respeito, além da nobreza de caráter e construção de sua família, o grande exemplo de perseverança e empreendedorismo, deixa um grande legado para a gastronomia do país, a que conclamamos os nobres Pares desta Casa de Leis nesta homenagem singela ao seu nome e a seus familiares”, justificou Teixeira em sua Moção. 

Belarmino faleceu aos 85 anos, na madrugada do último dia 30 de maio deste ano, em decorrência de falência múltipla de órgãos, foi sepultado na sua pequena Rosende, onde era dono da propriedade na qual seus pais e ele trabalharam.

Ele deixou os filhos Belarmino, Luiz Fernando e José Carlos; três noras, entre elas Ana Lucia Iglesias, que participa ativamente da direção dos restaurantes, e sete netos.

Trajetória de Vida

Nascido em 1931, na cidade de Rosende, na Galícia, Espanha, Iglesias foi um dos homens que ensinou o paulistano a apreciar carnes de qualidade — antes dele, existiam apenas espetos de filé e o contrafilé, cortes ditos nobres, ou melhor, macios. 

A história dele com o Brasil e mais especificamente São Paulo começa quase sete décadas atrás, quando o jovem boa pinta e de fala fácil deixou para trás uma Europa empobrecida e ainda arrasada pela II Guerra Mundial e sob os efeitos da ditadura franquista. 

Chegou ao Brasil viajando no porão do navio Cabo de Hornos, tendo com destino uma metrópole desconhecida, mas em pleno desenvolvimento e cheia de oportunidades, que ele soube agarrar.

Quando deixou a Galícia, no norte da Espanha, em direção a São Paulo, em 1951, Belarmino Iglesias trazia no bolso nada mais que 1 dólar. Projetava uma vida melhor que a dos pais, lavradores na cidadezinha de Rosende. Pouco depois de se instalar num cortiço, no então distante bairro do Belenzinho Começou a trabalhar como lavador de pratos num boteco no Largo do Paiçandu. Começava ali a saga que o consagraria como um dos maiores empresários da gastronomia que a capital paulista já teve.

Seu dom de grande empreendedor não tardou a aflorar. O rapazote conseguiu um posto raso na extinta e lendária Cabana, churrascaria da família de Massimo e Venanzio Ferrari. Em ascensão vertiginosa, tornou-se maître em oito meses. Convidado para comandar o salão do Baby Beef Rubaiyat, aberto em 1957, fez uma exigência aos novos patrões: queria 10% da sociedade. Aceita a proposta, cinco anos depois Iglesias, fazendo empréstimos, tornou-se o único proprietário. 

Com sua churrascaria Rubaiyat, que surgiu em 1957 de um projeto já ambicioso na então elegante Rua Vieira de Carvalho, no centro de São Paulo, e hoje transformada em uma rede internacional, o “restaurateur” investiu no desenvolvimento de matrizes bovinas, pois, para ele, tudo começava com a qualidade da matéria-prima, ou seja, como se cria o gado, nas técnicas de maturação e novos cortes da carne, e na grelha inclinada que passou a usar depois de seguidas viagens à Argentina.

Assim, seus investimentos não se limitaram ao restaurante. Desde 1968, ele tem uma fazenda em Dourados, aqui no Mato Grosso do Sul, onde promove o aprimoramento genético de novilhos. Investiu pesado na qualidade da matéria-prima, e com esses cuidados, o Rubaiyat tem se destacado como o restaurante de carnes.

Belarmino Fernandez Iglesias, o senhor churrasco, era figura de proa da gastronomia nacional e personagem encantador. No melhor estilo de quem se fez por si próprio, com esforço, boas qualidades e sua genialidade, ele ergueu um império gastronômico do nada, o que torna sua trajetória ainda mais interessante.

Os negócios de Iglesias não se limitam ao Brasil. Em 1995, associou-se à churrascaria Cabaña Las Lilas, de Buenos Aires, e essa expansão não parou aí. 

Depois de levar sua bandeira para Buenos Aires, voltou os olhos para sua Espanha natal. Após duas tentativas de compra, Iglesias conseguiu, em março de 2005, alugar o restaurante instalado no térreo de um edifício residencial de sete andares dos anos 60, pertinho do estádio do Real Madrid e da Plaza de Castilla. Foi na capital espanhola que inaugurou, em 2006, o Rubaiyat Madri, ao arrematar o restaurante Cabo Mayor. Não foi um negócio simples de concretizar, tratava-se de um empreendimento que custou 5 milhões de dólares, com capacidade para atender até 12.000 clientes por mês.

Na época do negócio, Iglesias, sempre apoiado na administração por seu primogênito, Belarmino Filho, dá a volta por cima como poucos imigrantes. Regressava a seu país de origem de uma forma muito confortável. Ao inaugurar seu restaurante oficialmente em Madri, contou com a presença de Felipe González, ex-primeiro-ministro da Espanha. “Saí daqui como um imigrante e, hoje, volto para o meu país como um empresário”, disse cheio de orgulho na ocasião.

Após desfraldado a bandeira Rubaiyat em três casas de Madri, em setembro de 2007, Iglesias levou o título de “restaurateur” do ano pela edição VEJA COMER e BEBER, quando esse prêmio foi criado. 

Além das duas churrascarias, mantendo os prodigiosos Figueira Rubaiyat e Porto Rubaiyat, aos 76 anos, estava longe de se acomodar. Queria levar sua grife ao Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. 

Em 2011, ele sofreu um AVC que deixou várias sequelas. Nessa época, já havia retornado à Espanha, onde comprou o restaurante Cabo Mayor. Ali, fincou a bandeira da internacionalização do Rubaiyat.

Com a flutuação da moeda estrangeira, houve um revés no grupo em 2012. Iglesias, já sofrendo com efeitos de um AVC, delegou a Belarmino Filho a missão de vender 70% da rede ao fundo espanhol Mercapital. Nos últimos cinco anos o bife Rubaiyat chegou a outras capitais brasileira com a abertura de filiais no Rio de Janeiro e em Brasília. Também ganhou unidades internacionais em Santiago do Chile e na Cidade do México.

No início deste ano, os filhos de Iglesias acabaram selando um negócio para recomprar a rede, que em São Paulo recebeu no ano passado nada menos que o 15º prêmio de melhor carne, um recorde da categoria nos vinte anos de história de VEJA COMER e BEBER. 

Belarmino Fernandes Iglesias não partiu sem antes de o negócio que ele fundou voltar à de sua família. 

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